ÉRICO VERÍSSIMO
Érico Veríssimo foi um dos raros intelectuais brasileiros como senso da modernidade à flor da pele. Escritor profissional, atuou na indústria editorial, na imprensa, no agenciamento cultural, tanto no Brasil quanto no exterior. Percebeu, antes de muitos, os rumos da globalização na área da cultura, abrindo o Brasil à literatura estrangeira e difundindo a produção brasileira além fronteiras. Posicionou-se em palavras e atos diante das conturbadas relações nacionais e internacionais do século XX, sem temer represálias de regimes de força. Preocupo-se com o futuro do livro e da leitura, promovendo autores e público, por meio de sua atividade editorial e de sua obra. Marta da Glória Bordini.
O PENSAMENTO DE ÉRICO VERÍSSIMO
A capacidade de indignação “Tenho medo de perder a capacidade de indignação e cair na aceitação, que é sempre perniciosa para a vida em sociedade. Não quero ser diferente. Dentro de mim ouço sempre meu grito de indignação. Quando choro pelo outro, sei que estou chorando por mim. Quando tenho receio pelo outro, tenho também por mim. Não sou santo, sou homem.”
ÉRICO E OS MODERNOS
Eu acompanhava de um modo um tanto precário o desenvolvimento da Semana de Arte Moderna, revolução literária e artística diante da qual me sentia ambivalente. [...] Duma coisa, porém, eu estava certo. Os jovens escritores e artistas que haviam organizado e animado a Semana de arte Moderna tinham razão quando protestavam contra a nossa excessiva dependência da França e de Portugal. [...] Tínhamos os olhos permanentemente voltados para o estrangeiro. Éramos europeus. Paris era nossa capital de espírito. Ninguém olhava para o Brasil. [...] Concordava com os Modernistas em que era preciso dinamizar a literatura [...], torná-la trepidante, rápida, ágil e irreverente como a idade do rádio, do avião que estávamos já vivendo naquele pós-guerra que produzia a ‘geração perdida’.”
REPERCUSSÃO INTERNACIONAL
“Quero falar aqui, nesta pequena louvação, da universalidade do grande romancista e grande homem de bem Érico Veríssimo, dizer de como a obra por ele criada atravessou as extensas fronteiras geográficas do Brasil e as difíceis fronteiras da língua portuguesa, ainda de tão fraco poder econômico, sem capacidade, por conseqüência, para obrigar a difusão daqueles escritores que a utilizam como instrumento de comunicação, daqueles que nela criam sua obra literária. [...] Escritor profundamente brasileiro, tratando dos problemas, da gente e da vida de uma região do Brasil das mais características e das mais importantes, o rio Grande do Sul, Érico Veríssimo, romancista da geração de 30, a grande geração da ficção brasileira, teria de fatalmente de interessar aos tradutores e às editoras estrangeiras.” Jorge Amado, 1972.